Viagem realizada em abril/2017
Saímos do impressionante Rano Raraku e em pouquíssimos minutos estávamos em outro lugar de tirar o fôlego. Da estrada já temos uma bela visão de um dos famosos cartões postais da Ilha de Páscoa, o Ahu Tongariki:
Eu já tinha visto imagens desses 15 moai inúmeras vezes ao longo dos anos e fiquei imaginando como seria estar ali frente a frente com aqueles gigantes de pedra. O que eu posso dizer? É simplesmente de arrepiar, muito emocionante mesmo.
Com quase 100 metros de comprimento, o Ahu Tongariki é a maior plataforma construída em Rapa Nui e o monumento megalítico mais importante de toda a Polinésia. Acredita-se que o local foi o centro sociopolítico e religioso de Hotu Iti, um dos grandes clãs que vivia nesta região da ilha.
Em frente à colossal estrutura observa-se uma extensa área onde foram encontrados indícios de uma antiga aldeia, como fragmentos de “casas bote” (antigas moradias) e fornos típicos, além de numerosos petroglifos gravados nas rochas vulcânicas.
Infelizmente, assim como as outras estátuas da ilha, os 15 moai também foram derrubados durante as guerras internas entre os clãs, na época do declínio da cultura Rapa Nui.
Embora tenham sido tombadas, as estátuas apresentavam um razoável estado de conservação. Porém, em 1960, os moai acabaram sofrendo grandes danos. O maior terremoto já registrado na história atingiu o Chile com 9,5 graus de magnitude, provocando um enorme tsunami que chegou à Ilha de Páscoa devastando sua porção leste, impactando diretamente em Tongariki.
Estima-se que a gigantesca onda tenha superado 10 metros de altura! Destruiu completamente a plataforma e empurrou os moai mais de 100 metros terreno adentro. Algumas estátuas foram fraturadas e outras rolaram se posicionando de barriga para cima, mostrando seu rosto pela primeira vez após vários séculos. Além de toda a destruição causada, o tsunami levou para sempre inestimáveis vestígios arqueológicos ali presentes.
Alguns anos mais tarde, em 1992, foi iniciado um projeto de recuperação do Ahu Tongariki com fundos doados pelo Japão, o qual soube do interesse da Ilha de Páscoa em restaurar o local através de um programa de TV veiculado no país. A empresa japonesa Tadano forneceu um enorme guindaste capaz de levantar as pesadíssimas estátuas.
O projeto envolveu profissionais de diferentes áreas e países e também contou com a colaboração da população local, levando cerca de 4 anos para ser finalizado. Estudos detalhados de documentos e imagens históricas de Tongariki, além de intensos trabalhos de escavações arqueológicas, foram realizados para que a reconstrução fosse o mais realista possível.
E graças à restauração, hoje os visitantes podem contemplar esse extraordinário monumento, muito semelhante ao que era em seu máximo esplendor.
Um fato que chama a atenção é que as estátuas são bem diferentes entre si, tanto na altura quanto porte físico e até mesmo as feições são distintas. Estas características não são vistas no Ahu Nau Nau e Ahu Akivi (falarei sobre estes mais adiante), somente em Tongariki.
Muitos acreditam que esses detalhes foram realmente feitos de acordo com as particularidades de cada ancestral ali representado, trazendo maior veracidade às esculturas.
Somente um dos moai do Ahu Tongariki possui o pukao sobre a cabeça. Teorias apontam que esta estrutura feita de rocha avermelhada representa o penteado utilizado pelos antigos habitantes, um tipo de coque no alto da cabeça.
Antigamente, todos os moai desta plataforma tinham seu pukao, mas somente um pôde ser colocado durante a restauração, pois os restantes estavam muito deteriorados devido às intempéries e ao tsunami.
Na extensa área em frente à plataforma, um pouco mais afastado, é possível ver um outro moai caído sobre a grama, partido em dois na região do pescoço. Observa-se que ele não possui as órbitas oculares esculpidas. Sim, os moai tinham olhos feitos de coral branco e escória (rocha vulcânica) para representar a pupila, mas todos caíram e se perderam ao longo do tempo.
Acredita-se que esta estátua no chão nunca foi colocada sobre o ahu, pois as órbitas eram esculpidas somente depois que o moai era posicionado na plataforma, com posterior instalação dos olhos.
Logo na entrada do Ahu Tongariki uma outra estátua, em pé, nos dá as boas vindas. Este solitário moai, embora não pertença à plataforma, é tão famoso quanto seus 15 vizinhos. Ficou conhecido por ter embarcado rumo ao Japão, anos atrás, para participar de uma exposição na cidade de Osaka, graças à relação de amizade surgida entre a Terra do Sol Nascente e Rapa Nui. O moai retornou após sua jornada no exterior, sendo nomeado pelos ilhéus como “o Moai Viajante” :).
O Ahu Tongariki pode ser visitado quantas vezes você desejar, sendo apenas necessário apresentar o ingresso na entrada, como em muitos outros lugares da ilha.
E que tal iniciar o dia ali mesmo, em frente aos moai? Acompanhar o nascer do sol no Ahu Tongariki já virou costume entre os visitantes. Por volta do dia 21 de dezembro, no solstício de verão, e 21 de março, equinócio de outono, o sol sai exatamente atrás dos moai, proporcionando um cenário deslumbrante.
Em outras datas, o sol nasce à esquerda da plataforma, atrás do vulcão Poike, mas também vale muito a pena conferir! Nós curtimos esse momento duas vezes durante nossa estadia, captamos imagens lindas e inesquecíveis. Mas conto mais sobre isso em outro post!
… E o passeio continua.
Olá amiga.
Nossa, que lugar lindooo
Imagino a emoção de ver ali na sua frente!!
Eu fico, só em ver as fotos, demais!!
Que viagem hein amiga, parabéns, vocês arrasam nas escolhas.
Viajo junto, lendo seu relato, muito bom.
Bjo
renovandoacasasempre.blogspot.com.br
Foi emocionante mesmo, nunca imaginei que conheceria Rapa Nui! Um sonho.
Obrigada por acompanhar, amiga!
Beijãooo