Viagem realizada em maio de 2017
O Parque Nacional do Itatiaia foi o primeiro Parque Nacional do Brasil, criado em 1937 pelo então presidente Getúlio Vargas. Está localizado na Serra da Mantiqueira e abrange os municípios de Itatiaia-RJ, Resende-RJ, Bocaina de Minas-MG e Itamonte-MG.
O que fazer no Parque Nacional do Itatiaia
O parque é dividido em Parte Alta e Parte Baixa. A Parte Baixa recebe mais visitantes, tem belíssimas cachoeiras, piscinas naturais com água cristalina e muito verde. Pode-se entrar com carro para acessar as atrações, embora também seja necessário caminhar um pouco para chegar até elas. A portaria da Parte Baixa do parque está localizada em Itatiaia-RJ.
A Parte Alta já é mais destinada para aqueles que curtem caminhadas mais longas e/ou escaladas, embora também tenha algumas cachoeiras. As paisagens vistas durante as trilhas são lindas, com enormes rochas de diferentes formatos e muitas montanhas. A entrada da Parte Alta fica localizada em Itamonte-MG. As trilhas mais percorridas são: até a base das Prateleiras, até a base do Pico das Agulhas Negras, Pedra do Altar e para o Morro do Couto.
Clique aqui para ver todas as atrações do Parque Nacional do Itatiaia.
O melhor período para conhecer a Parte Alta é durante o inverno, pois na primavera e verão há maior probabilidade do tempo fechar e chover inesperadamente, dificultando as atividades. No inverno faz bastante frio por lá, podendo até nevar, leia mais sobre isso aqui e aqui.
As estações quentes são mais atrativas para curtir a Parte Baixa, já que é permitido entrar na água, mas no verão a incidência de chuvas é alta, o que pode provocar perigosas cabeças d’água. Nós fomos no início de maio, estava calor, mas não tive coragem de entrar na água gelada, ao contrário de alguns corajosos que estavam lá mergulhando.
Nós visitamos a Parte Alta e Baixa e simplesmente adoramos! Eu já tinha ido à Parte Baixa há muitos e muitos anos, fui com a excursão da escola lá pela 5ª ou 6ª série. Fizemos a trilha até a Cachoeira Véu de Noiva, achei linda. Foi muito legal relembrar e conhecer as outras cachoeiras do parque.
Para saber sobre dias de funcionamento, horários, valor dos ingressos, entre outros detalhes, clique aqui.
Os ingressos para a entrada e estacionamento devem ser comprados antecipadamente pelo site. Se você preferir, pode comprar os da Parte Baixa diretamente na bilheteria presente na portaria do parque. Os da Parte Alta devem ser comprados online.
Pousada Ribeirão do Ouro – Itamonte/MG
Começamos pela Parte Alta, então procurei uma pousada próximo à portaria do parque, chamada Posto Marcão. Havia um hotel perto da estrada que leva à entrada (Hotel São Gotardo), mas queríamos algo mais acessível ($$$).
A opção que encontrei ficava um pouco distante da portaria (quase 1 hora de carro!), mas cabia no orçamento, então escolhemos a Pousada Ribeirão do Ouro. Mais abaixo explico melhor sobre o trajeto demorado.
Que lugar charmoso! Nós adoramos, super tranquilo, bem cuidado, tinha café da manhã, estacionamento e era possível jantar no local, mediante pagamento à parte.
A área de lazer é bem ampla, tem quiosque, piscina, quadra de areia para vôlei e futebol, mas para quem prefere jogar bola no gramado também há um campo. Um gostoso riacho passa pela propriedade.
Nós ficamos 4 dias na pousada, sendo dois dias inteiros para fazer duas trilhas do parque. No dia que chegamos ficamos na pousada. Tínhamos emendado algumas viagens antes dessa, uma atrás da outra (Santiago + Ilha de Páscoa e depois Acampada em Itu-SP), então precisávamos recarregar as energias para aguentar a caminhada dos próximos dias.
Trilha até a base das Prateleiras
Acordamos cedo, arrumamos nosso lanche de trilha (tínhamos levado pão de forma, requeijão, queijo, salame, frutas e água) e fomos tomar um café da manhã reforçado. O dia amanheceu lindo, ensolarado e céu azulzinho.
Não demoramos muito, pois ainda tínhamos que rodar por quase 1 hora até a entrada do parque. Por sorte, o trecho até lá é muito bonito, rodeado por árvores lindas e altas.
Da pousada até a Garganta do Registro são cerca de 20 minutos. Este local fica próximo à estrada que leva ladeira acima até a entrada do parque. Da Garganta do Registro até a portaria, chamada Posto Marcão (Marco Antônio Moura Botelho) são aproximadamente 35 minutos.
A estrada alterna entre trechos asfaltados (mau estado) e terra. Mas o caminho é bem bonito, rodeado por vegetação e lindas vistas.
Durante o caminho para a portaria, vimos uma placa indicando a Pousada dos Lobos, localizada já na Parte Alta do parque. Porém a estradinha até lá parecia bem ruim, pedregosa. Veja algumas avaliações sobre a pousada aqui.
Chegamos na portaria (Posto Marcão), preenchemos um Termo de Responsabilidade, estacionamos o carro e aproveitamos para usar o banheiro. Ah, também recebemos uma tag de identificação, a qual deve ser devolvida na volta para um melhor controle dos visitantes.
Atualização: retornarmos ao parque em agosto de 2022 e agora é possível estacionar mais próximo ao início das trilhas, perto do Abrigo Rebouças. Pelo que vimos, estão demarcando setores para estacionar ao longo da estrada, sendo que vamos sendo encaminhados por ordem de chegada. Então, quanto mais cedo você chegar, maiores as chances de conseguir parar o carro próximo ao Abrigo.
Nós começamos a trilha um pouco mais tarde do que gostaríamos, cerca de 10h da manhã, pois pegamos trânsito antes de chegar na Garganta do Registro devido a obras na rodovia.
A Parte Alta do Parque Nacional do Itatiaia é caracterizada por montanhas e elevações rochosas, com altitude variando de 600 a 2.791 m, no seu ponto culminante, o Pico das Agulhas Negras.
Do lado direito também podemos ver o Morro do Couto. A trilha para lá começa atrás do estacionamento, é considerada leve, leva cerca de 1 hora e meia e oferece vistas muito bonitas. Infelizmente, não conseguimos fazer essa caminhada, mas você pode ver opiniões aqui.
Também é possível fazer o percurso Couto-Prateleiras, recentemente aberto, de cerca de 11 km, com tempo total de aproximadamente 8 horas.
Nesta região nascem vários rios. A área do parque abrange nascentes de 12 importantes bacias hidrográficas regionais, que drenam para duas bacias principais: a do rio Grande, afluente do rio Paraná, e a do rio Paraíba do Sul, o mais importante do Rio de Janeiro.
Após cerca de 40 minutos de caminhada em terreno plano chegamos no Abrigo Rebouças. Do Posto Marcão até lá são 3 km (como comentei na atualização, agora é possível estacionar próximo ao Abrigo, economizando essa caminhada).
Dizem que durante o trajeto é possível ver os sapos flamenguinhos, símbolo do Parque Nacional do Itatiaia, de coloração vermelha e preta, conforme o nome sugere. Esta espécie só é encontrada na Parte Alta do parque. Infelizmente, não vimos nenhum.
Na área do Abrigo Rebouças há um local coberto com mesas e bancos, além de torneira onde pode-se beber água. Em frente, há sanitários.
Ali próximo encontram-se a área para camping e o abrigo. Para utilizar esses locais para pernoitar no parque é necessário fazer reserva, clique aqui para saber mais.
A partir do Abrigo Rebouças, a caminhada até a base das Prateleiras leva cerca de 1h30 em meio a uma paisagem maravilhosa. Você se sente minúsculo diante das montanhas e picos altíssimos.
Continuamos a caminhada e encontramos um córrego de águas cristalinas. Mais para frente, vimos ao longe uma linda cachoeira, chamada Cachoeira das Flores.
O caminho é bem sinalizado. Quando chegamos na placa que indicava a direção das Prateleiras, uma subida íngreme e cheia de rochas começou. Prepare as pernas!
Diz-se que o nome “Prateleiras” é devido aos enormes blocos de rocha empilhados uns sobre os outros como se estivessem em uma prateleira. No entanto, parece que o nome original seria “Molares”, uma vez que as rochas também se assemelham a dentes molares.
Hora do almoço. Aproveitamos para comer nossos lanches por ali e ficamos descansando um pouco, curtindo a vista. De repente começou a chegar uma neblina bem forte e a temperatura caiu, então começamos a voltar em direção às Prateleiras.
Chegamos nas Prateleiras e começamos a subir para a base. O tempo estava melhorando e o céu voltando a abrir. Nessa parte encontramos uma vegetação mais densa e o trajeto começou a ficar um pouco difícil, pois havia muitos obstáculos rochosos. Percorremos um trecho, mas empacamos em uma parte do trajeto que consideramos meio arriscada. Na verdade, não sabíamos se estávamos no caminho certo, pois não vimos placas indicando a direção… na dúvida, achamos melhor retornar. Tudo bem, faltou pouco.
Quem tem experiência, pode fazer a escalada até o cume das Prateleiras. Quem não tem, pode contratar guia credenciado pelo Parque Nacional do Itatiaia. Mesmo para fazer somente caminhadas sem escalada, há também condutores disponíveis, se você preferir fazer as trilhas acompanhado.
O agendamento pode ser feito com antecedência por e-mail ou telefone, clique aqui para ver a lista dos condutores e seus contatos.
Começamos a trilha às 10h e terminamos por volta das 16h, caminhando tranquilamente e parando para tirar fotos.
Chegamos na pousada e descansamos um pouco antes do jantar. Estávamos famintos, ainda bem que era possível jantar por lá. E que comida saborosa! A dona mesmo quem preparava, vinha tudo no capricho e em uma boa quantidade.
À noite faz um friozinho por lá. Fomos dormir cedo, pois no dia seguinte faríamos a trilha para a base do Pico das Agulhas Negras. Nesse mesmo dia, acabamos fazendo também a trilha para a Pedra do Altar. Clique aqui para ler!