Bananal, uma cidade que une muita história e belezas naturais!

Bananal, localizada na região da Serra da Bocaina, é uma agradável cidade do interior de São Paulo, repleta não somente de belezas naturais, com belíssimas paisagens e cachoeiras, mas também de história e cultura.

Foi fundada em 1783 e em 1850 tornou-se a maior produtora de café do estado de São Paulo, sendo considerada na época, a cidade mais rica de nosso país! O poder financeiro de Bananal era tão grande nessa época que chegou a cunhar moedas próprias, além dos bancos ingleses terem que solicitar o aval dos fazendeiros da região, os chamados barões do café, para empréstimos cedidos à coroa brasileira no segundo reinado.

Em Bananal é possível conhecer algumas das fazendas históricas do ciclo do café com seus grandiosos e preservados casarões oitocentistas, em visitas guiadas que nos possibilitam saber mais sobre esse período, no qual a escravidão foi a protagonista deixando suas profundas marcas.

Originalmente, Bananal era habitada pelos indígenas da etnia Puris. Há relatos de que o nome da cidade deu-se a partir da palavra indígena “banani”, que significa “sinuoso”, relacionando-se ao traçado em curvas do rio local. Mas também existe outra versão, cujo nome estaria ligado aos numeros bananais que existiam na região.

O que fazer em Bananal?

Bananal é uma cidade que une muita história contada através das antigas fazendas de café que podem ser visitadas por meio de visitas guiadas, em caminhadas pelo centro histórico com construções da época, e muito sossego para quem busca relaxar em meio à natureza e lindas cachoeiras.

FAZENDA LOANDA


Nós fizemos a visita guiada durante a semana com o próprio proprietário da Fazenda Loanda, foi muito interessante e proveitosa. Enquanto ouvíamos sobre a história da fazenda, pudemos conferir o rico acervo do casarão que exibe muitos móveis (principalmente franceses) e objetos decorativos como quadros, cristais e porcelanas.

O casarão da Fazenda Loanda.

Fazenda Loanda

Valor: R$30
Horários de visitação:
Segunda-feira à Sexta-feira 9h às 15h30 (somente com agendamento)
Sábado e Domingo 9h às 15h30 (sem necessidade de agendamento)
Telefone para agendamento: (24) 988169916

FAZENDA DOS COQUEIROS


A Fazenda dos Coqueiros também pode ser visitada através de um passeio guiado. Nesta fazenda, dentre as belas mobílias e objetos preservados, também nos deparamos com as tristes memórias que envolveram a escravidão no período do ciclo do café. Dentre as fazendas que conhecemos, esta é a que mais enfoca esse assunto, algo que realmente não pode ser esquecido.

Fachada do casarão da Fazenda dos Coqueiros

Aquecedores portáteis que alojavam brasas e eram colocados embaixo da cama nos dias frios.

Este banheiro era destinado às escravizadas que trabalhavam na cozinha do casarão.

A senzala ficava localizada debaixo do casarão, um lugar escuro, baixo, úmido e frio. Um adulto não conseguia ficar em pé lá dentro.

Senzala.

Na parte externa também vimos um dos locais onde os escravizados eram castigados. No terreno havia um córrego por onde seguiam os dejetos da casa até um fosso. Os escravizados eram pendurados de cabeça para baixo sob a queda d’água para receber os excrementos de seus senhores. É de revoltar essa e outras crueldades que eles eram submetidos!

Fazenda dos Coqueiros

Valor: R$25
Horários de visitação:
Segunda-feira fechado | Terça-feira 14h e 15h30
Sábado e Domingo 10h, 11h30, 14h, 15h30
Telefone para agendamento: (21) 99627-4520

FAZENDA RESGATE


A Fazenda Resgate também faz parte das memórias do período cafeeiro e do Brasil imperial. Um de seus proprietários foi Manuel de Aguiar Vallim, o maior produtor de café da época.

O casarão da fazenda foi todo restaurado, sendo a fazenda tombada pelo IPHAN. Encontra-se em ótimo estado de conservação. Seu interior é repleto de detalhes decorativos, dentre pinturas, ornamentos e objetos que retratam toda a opulência dos anos majestosos do ouro verde.

Entrando no Salão Azul.
Vallim contratou o pintor espanhol José Villaronga quando fez uma reforma no casarão e suas pinturas podem ser vistas em vários cômodos.

Ao lado do salão azul, ficamos muito surpresos ao ver uma capela dentro do casarão! O altar se inicia no térreo e segue até o andar superior.

Ao final da visita podemos desfrutar de um cafezinho da tarde com bolo, suco e bolachinhas.

Fazenda Resgate

Valor: R$85
Horários de visitação:
Terça-feira à Quinta-feira das 9h30 às 15h
Sexta-feira das 9h30 às 11h | Fins de semana e feriados: verificar disponibilidade
Telefone para agendamento: (12) 99774-9449

FAZENDA RESGATINHO


Bem pertinho da Fazenda Resgate encontramos a Fazenda Resgatinho que vende cachaças e rapaduras produzidas ali mesmo. O dono nos recebeu e contou um pouco mais sobre a produção da bebida, batemos um papo bem legal e divertido enquanto marido e sogrita experimentavam algumas cachaças para decidir quais iriam levar.

Rapaduras quentinhas, recém produzidas!

Lindas paisagens e cachoeiras

Além das fazendas de café com grande importância histórica, Bananal também é conhecida por suas lindíssimas cachoeiras. Nós conhecemos a Cachoeira Sete Quedas e uma outra cascata um pouco mais acima, ambas localizadas na Estação Ecológica Bananal.

Além das cachoeiras, lá também é possível fazer a Trilha do Ouro (1,6 km/2h), uma subida acentuada feita por um caminho calçado por rochas e ao final do percurso há um mirante com vista para outras quedas da cachoeira. Essas atrações são gratuitas e autoguiadas, mas para acessá-las deve-se realizar o agendamento no site previamente, já que há um controle diário do número de visitantes.

A Estação Ecológica Bananal fica distante cerca de 1 hora do centrinho da cidade. O início do trajeto que leva até à portaria tem cerca de 2 km de calçamento e o restante é feito em estradinha de terra, em sua maioria em más condições. Nós fomos com carro comum, subindo devagar.

A trilha para a Cachoeira Sete Quedas tem cerca de 500 metros, bem curtinha e fácil de percorrer. Nós a escolhemos, pois fomos com a minha sogra. O percurso é muito bonito, com natureza preservada.

Início da trilha para a Cachoeira Sete Quedas
Sogrita na trilha para a Cachoeira Sete Quedas.
Chegando na cachoeira… olha esse cenário!
Cachoeira Sete Quedas. Simplesmente linda!

Subindo adiante, podemos ver outra cachoeira com um poço mais fundo. A trilha também é curta, um pouco íngreme, mas não é difícil. No entanto, achamos melhor minha sogra não subir, já que havia algumas partes mais escorregadias por conta das folhagens no chão.

Subindo mais um pouco você encontra outra cachoeira, com poço fundo.

Depois das cachoeiras fomos em direção ao Restaurante Estalagem da Bocaina, mas antes demos uma paradinha para contemplar a vista do Vale da Bocaina.

Linda vista! (Google Maps: Mirante Vale da Bocaina)

Ali perto do restaurante, subindo por uma curta estradinha de terra, no alto de um morro, encontra-se uma bonita igreja em formato triangular. Sua fachada está um pouco deteriorada, pensávamos até que estava desativada, mas olhamos por um buraco na parede e vimos que está em funcionamento.

A igreja fica próximo ao Restaurante Estalagem Bocaina.
O interior da igrejinha no alto do morro.
De lá do alto também podemos ver uma represa.
Restaurante Estalagem Bocaina, que também oferece uma pousada.

O Restaurante Estalagem Bocaina é uma boa opção para almoçar após as cachoeiras. Simples, com comida caseira gostosa e bem servida. Pedi uma truta que vem acompanhada com três sabores de molhos, batata, arroz, feijão e salada. Se não me engano, o valor foi R$60 (nov/2023).

Ali perto há outras opções de restaurante como o Chez Bruna, localizado em um lugar lindo que também funciona como camping. Já mais perto da cidade encontra-se o Rancho do Baiano, que conta com um rio de água cristalina passando pela propriedade, piscina infantil, campo de futebol e churrasqueiras para locação, ou seja, dá para passar o dia lá. Outro restaurante bem avaliado é o B de Bocaina, comandado pelo chef Bernardo Worms.

OUTRAS CACHOEIRAS EM BANANAL


Bananal também tem outras cachoeiras lindas, como a Cachoeira do Bracuí e Cachoeira do Rio Mimoso que reservam uma vista impressionante para a Baía de Angra dos Reis (RJ). Elas podem ser acessadas por diferentes lugares, veja algumas dicas aqui e aqui.

Se você não estiver hospedado por perto e/ou não tiver muitos dias disponíveis, uma sugestão é visitá-las no mesmo dia da Cachoeira Sete Quedas, já que se encontram na mesma região (Alto da Serra da Bocaina).

Centro Histórico de Bananal

O centro histórico de Bananal ainda conserva muita história, sendo tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico). Pode ser facilmente visitado em um dia e, embora não seja muito extenso, existem muitos detalhes interessantes para ver.

Passando pelo portal da cidade de Bananal, o primeiro atrativo é a antiga e bela Estação Ferroviária, com sua estrutura feita de chapas metálicas importada da Bélgica. Inaugurada em 1889, foi realizada pelo rico cafeicultor José Aguiar Vallim.

A estação ferroviária de Bananal foi desativada em 1964 e seus trilhos, removidos.

Ao redor também pode ser vista uma réplica da bela locomotiva Baldwin. No entanto, foi ali disposta apenas para dar mais visualização à Estação de Bananal, compondo o cenário, já que a mesma não pertenceu ao ramal ferroviário da cidade.

Locomotiva 302, batizada de Tereza Cristina.

Seguindo mais para o centrinho encontramos a Praça Rubião Júnior, com o obelisco no centro e um importante prédio histórico da cidade, o Solar Aguiar Vallim.

Construído em meados da década de 1850, este edifício pertenceu ao Comendador Manuel de Aguiar Vallim, o homem mais rico do Vale do Café, também proprietário das fazendas Resgate, Independência, Três Barras e Bocaina.

Era muito comum que os ricos fazendeiros possuíssem, além de suas casas rurais, residências nos centros urbanos como o Solar Aguiar Vallim, destinado exclusivamente à vida social da família Vallim, local em que recebiam familiares e convidados importantes, além de promover bailes em seu grandioso salão.

O imponente Solar Aguiar Vallim, cuja construção evoca o poder e fortuna de seu antigo proprietário, Manuel de Aguiar Vallim.
O obelisco da Praça Rubião Júnior. Nesta praça, em todo segundo sábado do mês, acontece a Feira dos Artesãos e do Produtor Rural.

Seguindo em frente, encontra-se a Praça Pedro Ramos e a Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Livramento, construída em 1811, em estilo colonial.

Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Livramento

A Praça Pedro Ramos é uma graça, bem arborizada e com bancos espalhados, fazendo do local uma ótima parada para descansar e observar o movimento de uma típica cidadezinha do interior!

Nessa pracinha podemos ver um coreto e até mesmo um chafariz de ferro todo ornamentado com elementos barrocos, uma peça histórica de 1879. Foi utilizado pela população para captar água, já que na época não havia água encanada.

A charmosa Praça Pedro Ramos, no centro histórico de Bananal.
Chafariz de ferro localizado no centro da pracinha.

Ao redor da praça podemos ver restaurantes, lojinhas de artesanato, sorveteria e belos casarios. E falando em trabalhos manuais, Bananal foi recentemente declarada como a Capital Estadual do Crochê de Barbante! Ali você pode encontrar lindas peças de artesãos locais que vão desde vestuário, decoração para casa, bolsas, entre outros itens. O crochê de barbante é uma tradição da cidade, passada de geração a geração.

Casarão Andrade, uma boa opção de restaurante por quilo no centrinho de Bananal. De segunda à sexta abre das 11h às 14h30 e aos domingos até às 15h.

No Rei Produtos da Roça você encontra queijos, embutidos, doces típicos do interior, bolachinhas, rapadura, cachaça… difícil sair de mãos vazias de lá… rs.

No centro histórico de Bananal você também pode conferir a Pharmacia Popular, a mais antiga do Brasil! Ela foi inaugurada pelo francês Tourim Domingos Monsier, que veio à cidade com a intenção de se tornar um barão de café, chegando a comprar uma fazenda. No entanto, por algum motivo desconhecido decidiu retomar as suas origens como boticário, abrindo esta farmácia em 1830, sob o nome de Pharmacia Imperial.

O boticário francês manteve seu negócio por 30 anos, sendo vendida posteriormente. Em 1889, com a proclamação da república, houve uma pressão dos moradores para mudar o nome da farmácia, que passou então a se chamar Pharmacia Popular, deixando para trás a referência ao período imperial.

Até 2011, a farmácia permaneceu em plena atividade com as mobílias e utensílios originais que ficavam expostos, sob um misto de comércio e museu. Infelizmente, o estabelecimento foi fechado e todo o acervo, vendido.

Anos depois a Pharmacia Popular foi reinaugurada, mantendo-se a fachada original, mas em seu interior restaram apenas os pisos da época.

Pharmacia Popular, a mais antiga do Brasil!

Onde se hospedar em Bananal

Em Bananal você encontra diversas opções de hospedagem que vão desde quartos em fazendas históricas, pousadas, chalés, campings e casas que podem ser reservadas pelo Airbnb, espalhadas pelo centro e ao redor e até mais afastadas, caso deseje ficar mais imerso na natureza.

Nós escolhemos uma linda casa, a Morada do João de Barro, localizada a cerca de 10 minutos de carro do centrinho histórico, de forma que pudemos curtir a tranquilidade da zona rural sem estar muito distante das principais atrações. Inclusive, fica em frente à Fazenda Resgate.

Na casinha ao fundo fica a cozinha gourmet e uma sala de estar com lareira e home theater.
A cozinha gourmet conta com cooktop, um freezer, uma geladeira e um fogão/forno à lenha, onde fizemos um feijão tropeiro delicioso!
Em nossa estadia, apesar dos dias quentes e ensolarados, em algumas noites fez um friozinho gostoso, então aproveitamos para nos esquentar ao redor da fogueira.

Outra fazenda que visitamos voltando para São Paulo

Há alguns anos acampamos em São José do Barreiro, cidade próxima à Bananal, e vi que havia uma fazenda histórica para visitar, mas infelizmente não tivemos tempo na ocasião. Então, aproveitamos o retorno para casa e passamos na Fazenda Pau D’Alho para conhecer.

Já na entrada pudemos notar uma arquitetura diferente das outras fazendas que visitamos em Bananal. O local parecia um forte, todo murado, reflexo da profissão de seu fundador, o coronel João Ferreira de Souza.

A fazenda localiza-se no antigo “Caminho Novo da Piedade” que ligava a Corte, na época estabelecida no Rio de Janeiro, à São Paulo. O guia nos contou, inclusive, que em 1822, João Ferreira recebeu a ilustre visita de D. Pedro I, em ocasião da viagem em que proclamaria a independência do Brasil.

Portal de entrada da Fazenda Pau D’Alho.

Esta fazenda também era voltada para a monocultura de café. Logo ao entrarmos na propriedade podemos observar seu conjunto arquitetônico, disposto em forma de quadra, sendo composto pelo terreiro, senzala, tulha, oficinas, depósitos, roda d’agua e pilões.

A senzala ficava localizada na parte alta do terreno por ser mais arejado e fresco, preservando os escravizados e seu alto investimento. Em 1858, no inventário de João Ferreira de Souza, a Fazenda Pau D’alho já contava com mais de 300 escravizados.

Local onde o café era descascado.

A casa-grande era separada do conjunto por meio de pátio e jardim, promovendo a privacidade da família senhorial. Ela também pode ser visitada, mas ao contrário dos casarões vistos em Bananal, não apresenta muitos móveis e objetos da época.

Na ocasião da visita de D. Pedro à Fazenda Pau D’Alho, conta-se que ele foi recebido por um soldado comum e que este não sabia que se tratava do príncipe regente, pensava ser um soldado. Assim, D. Pedro foi encaminhado à cozinha, onde almoçou sentado no chão.

Cozinha da casa-grande, onde conta-se que D. Pedro almoçou sentado no chão.

Fazenda Pau D’Alho – São José do Barreiro (SP)

Valor: gratuito
Horários de visitação: quinta a domingo das 9h às 16h
Não é necessário agendamento prévio

Em São José do Barreiro também encontra-se a estrada que leva até a parte alta do Parque Nacional da Serra da Bocaina, onde pode-se conhecer a linda Cachoeira Santo Isidro! Clique aqui para saber mais detalhes!

Cachoeira Santo Isidro, na parte alta do Parque Nacional da Serra da Bocaina.

Algumas pessoas, inclusive, se hospedam em Bananal para acessar essa parte do Parque Nacional da Serra da Bocaina, cujas cidades distam cerca de 47 km, aproximadamente 1 hora de viagem.

Distância entre Bananal e São José do Barreiro

Se você curte turismo cultural e belezas naturais, considere conhecer Bananal!

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