Viagem realizada em abril/2017
A Ilha de Páscoa surgiu a partir de variadas erupções vulcânicas ocorridas há milhões de anos nesta parte do Oceano Pacífico. Três foram os principais vulcões que lhe deram origem, em épocas diferentes, e moldaram seu formato triangular.
O mais antigo deles é o Poike, que entrou em erupção há cerca de 600 mil anos, formando o canto sul do triângulo. Com a segunda erupção surgiu o Rano Kau, originando o canto sudoeste da ilha. Por último, emergiu o vulcão Terevaka, localizado no canto norte do território.
Desde então, todos os vulcões da Ilha de Páscoa, tanto os principais, como os secundários, permanecem adormecidos. Algumas das crateras possuem lagoas interiores, sendo possível observá-las bem de perto, uma experiência incrível. Uma dessas lagoas está presente no impressionante Rano Raraku, assunto do post de hoje!
A fábrica de moai
O vulcão Rano Raraku tem grande importância para a história Rapa Nui, uma vez que proporcionava a matéria prima para a fabricação de seus gigantes de pedra.
Foram encontrados 397 moai espalhados neste sítio arqueológico, em diferentes estágios de desenvolvimento. Não se sabe o motivo de não terem sido transportados até suas plataformas e por qual razão algumas não foram finalizadas, tendo o trabalho interrompido/abandonado.
Uma única visita a Rano Raraku é permitida durante a estadia em Rapa Nui, por isso, vale a pena dedicar um bom tempo caminhando com calma pelo local.
Logo na entrada, a trilha a ser percorrida se bifurca em dois caminhos. O da esquerda leva à cratera do vulcão e o da direita ao local onde é possível ver vários moai bem de perto.
Nós seguimos primeiro para a direita e logo avistamos os primeiros moai semi-enterrados, espalhados pela colina. Chega a ser difícil colocar em palavras a sensação de vê-los ali bem na sua frente.
Olhando assim, parece até que estas esculturas só têm a cabeça, mas o restante do corpo está embaixo do solo. Acredita-se que rampas de terra eram utilizadas para levantar os enormes moai, porém, tempos mais tarde após o local ter sido abandonado, a terra acabou descendo com a erosão, encobrindo-os.
Estudiosos indicam que a erosão ocorrida é uma evidência de que Rapa Nui era uma ilha repleta de árvores, uma vez que o severo desmatamento leva a este desgaste do solo. E o motivo do desflorestamento, que culminou na queda da civilização Rapa Nui, está relacionado à hipótese de que os moai eram transportados até suas plataformas com auxílio de troncos de madeira. Acredita-se que os troncos eram dispostos paralelamente no chão e a estátua, colocada sobre os mesmos, era puxada com cordas. Contudo, este é ainda um dos mistérios da Ilha de Páscoa, já que nada foi efetivamente provado.
Escavações arqueológicas feitas pelo etnólogo Thor Heyerdahl em 1955, mostraram a parte soterrada de algumas esculturas. Muitos detalhes, como desenhos esculpidos nas costas, foram preservados por não terem sido expostos à intempéries. Mais tarde, novas escavações foram feitas para maiores estudos.
Os moai eram esculpidos na encosta da própria cratera, a qual é formada por tufo (cinzas vulcânicas endurecidas), um material mais macio e fácil de talhar. Durante as escavações também foram encontrados fragmentos de basalto, indicando o uso desta rocha como cinzel.
A trilha vai subindo a encosta do vulcão e ali podemos entender melhor como os moai foram esculpidos. Conforme iam escavando a parede, a estátua era delineada. Os moai eram talhados deitados, de barriga para cima para poder fazer os detalhes do rosto, tronco e braços. A parte das costas era esculpida, ficando a estátua presa na rocha somente por quilhas. Após terminar o processo de entalhe, as quilhas eram removidas e a estátua deslizava por rampas de terra até um fosso, onde ficava em pé para que os detalhes das costas pudessem ser esculpidos.
É preciso ter olhos atentos para identificar algumas estátuas no paredão rochoso. O moai da foto abaixo é o maior encontrado em Rano Raraku e não foi finalizado, assim como outros vistos neste sítio arqueológico. Ele tem 21 metros de altura e estima-se que poderia pesar mais de 200 toneladas. Segundo a tradição oral, este enorme moai estava destinado ao Ahu Tahira, localizado na área de Vinapu (falarei sobre este sítio arqueológico em outro post).
Outros dois moai inacabados (foto abaixo) podem ser vistos durante a trilha. O de trás não teve o lado esquerdo esculpido.
A foto a seguir mostra em que local de Rano Raraku estes dois moai acima se encontram:
Thor Heyerdahl, durante suas pesquisas e escavações na ilha, fez uma descoberta surpreendente: desenterrou um moai ajoelhado, bem menor e diferente dos outros imponentes gigantes de pedra. Suas mãos estão apoiadas sobre as pernas e seu rosto é arredondado. Olhando-o de lado parece até ter cavanhaque. Os habitantes da ilha também ficaram surpresos com o achado.
O distinto moai é conhecido como Tukuturi e foi encontrado num ponto mais afastado da pedreira. Especula-se que seja a representação de algum famoso mestre escultor e que tenha sido ali posicionado para supervisionar os trabalhos de seus sucessores.
Neste ponto há uma vista incrível para o Ahu Tongariki, a famosa plataforma com 15 moai, assunto que falarei no próximo post
Fomos voltando pela trilha para conhecer o “interior” da cratera. No caminho, mais paradas para fotos…
Subimos a trilha que leva à cratera e ao chegar nos deparamos com uma lagoa de água doce localizada no centro da mesma. A cratera tem 650 metros de diâmetro e em suas encostas internas encontram-se cerca de 70 moai semi-enterrados. Isso indica que no auge da Era dos Moai, a produção das estátuas era tão intensa que foi necessário utilizar a área interna do vulcão para suprimir a demanda. Tirá-los dali não deveria ser uma tarefa muito fácil.
Durante o Festival Tapati, realizado anualmente em fevereiro, a lagoa da cratera torna-se palco da competição mais tradicional da ilha, o triathlon denominado Tau’a Rapa Nui. Nesta prova, os participantes atravessam o lago em uma canoa feita de junco, depois correm uma volta e meia ao redor do mesmo carregando dois cachos de bananas. Para finalizar, voltam nadando sobre uma espécie de prancha também feita de junco, chamada pora.
Depois de caminhar por esse impressionante sítio arqueológico, fomos dar uma olhada nas lojinhas presentes no local. Há algumas em um espaço coberto, na área de estacionamento e outra um pouco antes da portaria. Além de esculturas de moai de diferentes tamanhos e acabamentos, vimos máscaras, chaveiros, camisetas, ímãs, cartões postais, entre outras lembranças.
Continuamos nosso passeio e paramos em outro lugar incrível pertinho dali, o Ahu Tongariki, a plataforma com 15 moai!
…Continua no próximo post!
Olá amiga!
Meu Deus, que viagem linda!!.
Tô aqui pasma!!
Bjo
renovandoacasasempre.blogspot.com.br
Nossa, foi uma viagem inesquecível mesmo… surreal esse lugar!